quinta-feira, outubro 16, 2008

CARTOLA

²

Em Mangueira
Quando morre
Um poeta
Todos choram
Vivo tranqüilo em Mangueira porque
sei que alguém há de chorar quando eu morrer
Mas o pranto em Mangueira
É tão diferente
É um pranto sem lenço
Que alegra agente
Hei de ter um alguém pra chorar por mim
Através de um pandeiro ou de um tamborim
(Pranto do Poeta 1989)²


Sábado fui à Mangueira, para fazer de um pranto alegria.
O propósito final era comemorar o aniversário de uma amiga, a Nati.
E fui...

Porém ao subir o asfalto do morro da mangueira, e todas as vezes que faço esse trajeto, percebo ao pisar as origens deste nome; mangueira. Mangas espatifadas no chão, cachorros, crianças, meninas moças grávidas de shortinhos e celular, muitas motos e kombis numa total informalidade. O cenário parece sempre o mesmo quando subo o morro de asfalto.

Porém neste sábado algo de especial acontecia, além o aniversário de Nati. Não ausentando a importancia da data, apenas atualizando-a, comemorei também o que seria em potência os 100 anos de Cartola.

A Mangueira tem dessas coisas, dessas surpresas caídas do pé e que tanto fala a alma por vir do coração.

O Cartola talvez simbolize para mim, a partir de suas suas letras, composição de cor e som que juntos me levam à uma melodia nostalgia de uma época que não vivi, mas que pelo samba sou capaz de me transportar ao passado para tentar encontar a força de uma homem negro, que lutou, criou, inventou, atualizou uma das mais belas formas de se contar cantando as coisas do coração. O samba¹.


¹. etimologia: banto, mas de étimo contrv.; para A. Ramos, o quimb. samba 'umbigada, passo de dança semelhante ao batuque' seria o étimo; segundo ele, existia em Luanda esse tipo de dança; para Nei Lopes, o étimo seria ou o quioco samba 'cabriolar, brincar, divertir-se como cabrito' ou o quicg. samba 'espécie de dança em que um bailarino bate contra o peito do outro'; lembra ainda Nei Lopes que no umbd. semba 'dança caracterizada pela separação de dois bailarinos que se encontram no meio da arena' pertence à raiz semba 'separar', originando-se dela o multilingüístico disemba, pl. masemba 'umbigada', esta, com efeito, remonta às mais antigas formas do samba entre nós, conforme atesta Pereira da Costa em seu Dicionário Pernambucano: "A Júlia que é sambista arreliada, dá no Júlio fortíssima umbigada...", de tudo isso conclui Nei Lopes que a raiz semba do umbd. seria o étimo remoto de samba; f.hist. 1842 samba, 1880 semba. (Houaiss)

². A música transcrita é faixa do álbum representado como imagem.

2 comentários:

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    R.E.

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  2. Credo!!!

    Enfim, um blog em evolução... coisa mais linda isso, minha gente!!!

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